Eu não consigo mais... ...Οικουμενισμός - Ecumenismo - "Mundo Habitado"...
Já cheguei aos 50 e, se tiver de acontecer, em outubro, chegarei aos 51 anos de idade. Fui criado na Igreja Batista, onde aprendi muito, muito do que eu sei vem de lá. Mas 50 anos não são 50 dias. Sempre estudei muito, principalmente a Bíblia e, por circunstâncias diversas, algumas causas e outras consequências, algumas provocadas por mim, outras por outros, cheguei aqui. Na última sexta-feira, numa aula de História, num 7o. Ano do Ensino Fundamental, um menino, talvez de uns 13 anos de idade, se aproximou de mim (eu estava sentado à mesa) e perguntou algo do tipo (não me lembro bem): "Professor, qual é a sua religião?". Meus olhos se fixaram naquela imagem de uma criança com os seus 13 anos, magrinho, cabelos encaracolados, olhar terno. Em milésimos de segundo eu pensei: o que vou dizer? (me lembrei de coisas que ouvi de professores e moldaram minha vida, para o bem e para o mal). Me vi diante de um peso tão grande! O que responder para uma criança que talvez me veja como um herói? O professor brincalhão, esse é o meu jeito. O que dizer? Eu tinha um amigo ao lado, um ajudante, um irmão. Olhei pro amigo. Voltei a olhar pro menino e disse algo do tipo: "Sabe meu filho, você já sabe que o tio já foi pastor não é?" Ele acenou com a cabeça que sim. Eu continuei: meu filho, hoje não sou mais evangélico mas gosto da igreja Evangélica, também não sou católico mas gosto muito da igreja Católica, também não sou espírita mas gosto muito do Espiritismo, hoje o tio está muito próximo de uma religião chamada Umbanda. Eu gosto muito dos Símbolos, das Histórias, dos Rituais, mas por enquanto, só leio, estudo, gosto, entendeu? Não sou Umbandista. O menino abriu um sorriso e voltou ao seu lugar. Confesso: já era final da tarde de sexta-feira, eu estava exausto depoisde uma semana de trabalho duro e não consegui deixar de pensar no que aconteceu e no rosto do menino. Pra dizer a verdade, são centenas de alunos e nem sei o nome dele. Hoje, depois de ouvir "Nossa Senhora" na voz de Marina Elali, acompanhada pelo maestro Eduardo Lajes ao piano, (ainda estou ouvindo enquanto escrevo), fui às lágrimas e tomado por uma profunda convicção de que provavelmente eu nunca mais terei uma religião, pois já fui rotulado por tempo demais, chorei mais ainda. Vou à Missa ouvir uma apaixonante amiga tocar e cantar, ao Culto, ouvir as pregações inteligentes e inspiradas de um jovem Pastor que sempre me acolhe, ao Centro Espírita, ouvir palestras e receber passes, ao Terreiro de Umbanda dirigido por um homem que certa feita, incorporado por um Preto Velho me chamou a atenção por ainda viver no passado religioso e cheio de mágoas. Mais raramente, vou a outros locais de culto, de outros credos religiosos, como a Igreja Messiânica, Centros Espiritualistas e tenho uma pequena lista de locais de cultos, os quais ainda pretendo visitar. Mas não me vejo em nenhum deles. Desejo muito ir, por exemplo, à Aparecida do Norte para, simplesmente, me ajoelhar diante da imagem de Nossa Senhora Conceição Aparecida e pedir perdão por tantas imagens dela que quebrei no auge da minha ignorância e intolerância. Já fiz isso no Terreiro dirigido pelo amigo, em prece silenciosa, suplicando perdão aos espíritos que eu pregava, se tratarem de "demônios". Eu não consigo mais... ...eu não consigo mais me limitar, me sufocar, violentar a minha consciência, pois hoje, eu acredito de todo o coração que onde há uma porta aberta (ou fechada) onde buscam D'eus, a Espiritualidade, o Universo, a Natureza, o Amor, o Perdão, enfim, buscam melhorarem a si mesmos, ali está a verdadeira Religião. Essas coisas, por hora (talvez mudem, não sei), eu busco em casa. Aquele menino, sem saber, me abençoou como nenhum pregador, livro ou prática religiosa. Simplesmente me perguntando: "Professor, qual é a sua religião?". E a resposta é: São todas!!! Todas!!! Marlon Oliveira - um estudante.
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