Golpe Civil-Militar-Econômico de 1964... ...e o "rabo balançou o cachorro"...
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“Que o único elemento que tomava parte nas reuniões do Organismo de Base era o Doutor ANDERSON, advogado dos camponeses, o qual nessas reuniões, solicitava auxílios e donativos para os camponeses da Fazenda AGRO-BRASIL; Que os ferroviários arrecadavam dinheiro e remédios para os camponeses, por meio de listas passadas entre os ferroviários e o povo daquela cidade ... Que quando esteve certa vez no Rio, foi para entregar um memorial solicitando um trem subúrbio de Niterói para Cachoeiras de Macacu, cujo documento ficou em poder do Engenheiro-Chefe dos Transportes, em Barão de Mauá.”
(DEPOIMENTO WALDEMIRO DE OLIVEIRA)
Em uma das madrugadas obscuras que se repetiriam milhares de vezes no Brasil, estando meu pai foragido, o exército entrou na casa da minha família em Cachoeiras de Macacu em busca do meu pai (informações colhidas em entrevista com meu irmão mais velho, há época com 12 anos de idade), aos gritos, os militares quebraram móveis, pisaram com seus nojentos coturnos nos meus irmãos e irmãs e, não satisfeitos, um fardado infeliz arremessou minha mãe (gravida de OITO SEMANAS) contra o vaso sanitário. Ela sangrou, pensou estar perdendo a bebê, mas graças a Deus, não aconteceu. Meu pai se entregou ou foi detido (há uma dúvida pontual sobre esse fato). Foi conduzido à Delegacia de Polícia de Cachoeiras de Macacu, onde permaneceu alguns dias. Num desses dias, meu irmão mais velho (na época com 12 anos de idade) foi levar comida para o meu pai, enquanto se aproximava da Delegacia, um infeliz fardado arremessou uma pedra em sua cabeça (arremessou uma pedra na cabeça de uma criança de 12 anos de idade). Meu irmão foi parar no Hospital. Papai foi transferido para o D.O.P.S., na minha pesquisa contei mais de 180 (cento e oitenta) dias de torturas, a maioria mais de uma vez por dia. Poderia descrevê-las: desde solitária com água e cobras até "passeios" na Bahia de Guanabara, onde embarcavam 10 presos políticos e regressavam 09... ...consta também da minha pesquisa que mesmo após a soltura do meu pai e a mudança de nossa família para Nova Friburgo (onde nasci) fomos monitorados pelo regime até 1985, ou seja, eu fui "monitorado" por 11 (onze) anos ( Quem sabe se eu, morando no bairro Paissandu com 5 anos de idade não abrigava uma célula do Partido Comunista???). Esses fatos não devem ser esquecidos. Gostaria de que houvesse uma maneira, dentro da legalidade é claro, de que aqueles que defendem a volta da Ditadura fizessem um estágio, a experimentassem por uns meses. Ao meu corajoso pai, à minha amada mãe, que só aparência tinha de frágil, aos meus irmãos e irmãs meu respeito e carinho profundo. Tenhamos orgulho. Somos Democratas e nosso velho pai, que hoje descansa, quase deu sua vida pela Democracia em nosso País.
Marlon S. de Oliveira - Professor, Teólogo, Pedagogo, Historiador - Membro da ANPUH - Associação Nacional de História sob o registro 00026463.
Waldemiro (picolé) e Idalina (santinha) presentes!!!
Fontes: Depoimento prestado em 7/7/1964 na sede do Departamento Federal de Segurança Pública, prontuário da Secretaria de Segurança Pública do antigo Estado da Guanabara sobre o inquérito policial militar da Estrada de Ferro Leopoldina, relação dos “dossier” referente ao cidadão Waldemiro de Oliveira, ficha individual de prisão no D.O.P.S. (Departamento de Ordem Política e Social), ficha do mesmo D.O.P.S., prontuário no. 1016, ficha de referência a respeito do citado sobre o Inquérito Policial Militar de Cachoeiras de Macacu, planilha de registro com fotografia e impressões digitais do indiciado e relação dos denunciados no processo no. 7477 de 04 de outubro de 1968.
E um agradecimento especial ao Dr. Carlos Fico (UFRJ) que me orientou na Especialização, é aquela velha história... ... "Quem é não precisa dizer que é..." Esse é o Dr. Carlos Fico.
Desfecho: Lei da Anistia, militares GOLPISTAS E TORTURADORES ainda vivos recebendo SALÁRIOS ALTÍSSIMOS ÀS NOSSAS CUSTAS.
Por isso, dessa vez #semanistia e... ..."Ainda Estamos Aqui"
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